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A maioria das pessoas tem a sensação de que 2020 passou como um furacão devastador, mas por outro lado, algumas mudanças e adaptações feitas a toque de caixa serão heranças positivas de um período tão complicado e com tantas perdas. São transformações que vieram para mudar nossa vida para melhor.
Alguns hábitos que foram construídos e mudanças que foram implementadas na vida das pessoas, em áreas como trabalho e saúde, devem permanecer mesmo depois do controle da pandemia. São alterações no cotidiano que vieram para ficar – e, acredite, isso é bastante positivo.
Especialistas de cinco áreas dão seus pontos de vista a respeito de mudanças que, a partir de agora, farão parte de nossas vidas de maneira definitiva.
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Home office: trabalhando em casa
Durante a pandemia, a tecnologia permitiu que qualquer pessoa que trabalhe em um computador pudesse se manter distante da sede da empresa. Esse novo formato será adotado permanentemente por muitas companhias.
Empresas reduzem os custos de infraestrutura abrindo mão de espaços físicos ou alugando lugares menores, além de economizar com energia elétrica, internet, manutenção e suprimentos. Já para os colaboradores, o home office trouxe qualidade de vida sem a exaustiva jornada que incluía horas perdidas no trânsito, diminuição de gastos com transporte, alimentação e roupas e, também, maior convivência com a família.
“A pandemia acelerou a implementação de um sistema de trabalho que levaria muitos anos para ser adotado de forma abrangente. Havia muitas dúvidas sobre a eficiência do home office e se as pessoas manteriam o desempenho devido às distrações de casa – de filhos à televisão –, mas passados meses, muitas empresas relatam que a produtividade permaneceu nos níveis anteriores à pandemia, ou até mesmo aumentou. Portanto, essa mudança daqui pra frente deve se estabelecer e fazer parte da vida das pessoas”, explica Uranio Bonoldi, consultor em gestão, governança corporativa e planejamento estratégico.
Anywhere office: meu escritório é onde eu estiver
A pandemia comprovou às empresas que as pessoas podem produzir ainda mais de suas próprias casas e colocou em cena o novo conceito do “anywhere office”, o “escritório em qualquer lugar”. Essa modalidade vai se estabelecer como uma grande guinada nas dinâmicas de trabalho: se podemos trabalhar com internet e um laptop, o escritório será onde estivermos.
E não se trata de nomadismo digital (quando a pessoa trabalha de um hotel em Bora Bora ou de um café em Berlim), mas de adequar as necessidades profissionais à vida em um local que contribua para a realização pessoal com saúde física e mental. Por exemplo: por que viver em apartamentos minúsculos em uma grande cidade se há possibilidade de morar e trabalhar em espaços maiores no interior ou no litoral? Ao que tudo indica, pode ser o início de um verdadeiro êxodo urbano.
“Nesse formato de trabalho, quando não é mais preciso se deslocar diariamente para ir ao escritório, as pessoas passam a querer viver em lugares onde possam trabalhar e conviver de forma mais harmoniosa com a família. A prioridade é uma vida mais confortável e com mais segurança em lugares onde o custo de vida é mais baixo, fora dos grandes centros urbanos. Consigo identificar essa mudança como o início de uma nova tendência de comportamento”, diz Dante Seferian, CEO da construtora e incorporadora Danpris.
Produtos que aumentam a proteção? Queremos (precisamos)!
Produtos surgidos com a pandemia com propriedades antibactericidas e antivirais devem fazer parte de nossas vidas de maneira permanente de agora em diante.
Com o início da vacinação, sabemos que em alguns meses a pandemia pode ser apenas uma lembrança desagradável. No entanto, há poucos motivos para acreditar que o vírus irá embora em breve, mesmo com as vacinas disponíveis. Um cenário mais realista é que ele será adicionado à grande e crescente família de doenças infecciosas que são conhecidas como “endêmicas” na população humana.
Como mesmo que vacinadas as pessoas ainda podem carregar e espalhar o vírus, o uso de máscaras e o distanciamento social serão medidas necessárias até que a maioria da população seja inoculada.
E não estamos falando apenas de máscaras, mas de plásticos que inativam o coronavírus e vêm sendo utilizados para cobrir superfícies, tecidos que por possuírem propriedades anti covid-19 estão ajudando o setor hoteleiro a expandir as medidas para a segurança de seus hóspedes e até de pisos e tintas de parede que intensificam a proteção das pessoas contra infecções.
“A pandemia da Covid-19 deflagrou uma nova etapa na guerra com os micróbios. Uma luta histórica contra várias doenças de origem viral ou bacteriana, como a gripe, que reaparece todo ano e, segundo alguns cientistas, poderá vir ainda mais forte. De olho nisso, precisamos criar e aperfeiçoar barreiras contra esses patógenos”, explica Daniel Minozzi, químico e fundador da Nanox, empresa brasileira de nanotecnologia.
“Quanto mais combatermos esses problemas pela raiz, mais evitaremos novos surtos e pandemias. Usar máscaras, lavar as mãos e utilizar produtos com ação antiviral seguirão mesmo após a aplicação da vacina. São hábitos que não têm mais volta. Até porque, quando uma epidemia for embora, podemos ter outra batendo à nossa porta”, conclui Minozzi.
Telemedicina: saúde através do celular
Com a pandemia, a medicina despontou como um dos segmentos que mais se valeram da tecnologia para assegurar que a população pudesse ser atendida sem comprometer ainda mais o sistema de saúde.
No início da pandemia, o Governo Federal autorizou a prática de consultas virtuais. Muitos casos não emergenciais puderam ser tratados sem que os prontos-socorros ficassem lotados de casos que podiam ser facilmente orientados à distância.
Passado este momento crítico, esse avanço permitirá fechar todo o ciclo do atendimento: do telediagnóstico ao acompanhamento contínuo do paciente, facilitando o processo, salvando mais vidas e garantindo que um número muito maior de pessoas tenha acesso à devida opinião médica ao alcance de um clique.
“As plataformas de atendimento virtual são um legado positivo para a saúde. A telemedicina estimula a busca por diagnóstico preciso, evita a automedicação e promove a tomada de decisões com respaldo clínico. Esse acesso correto aos serviços de saúde melhora a eficiência do setor como um todo. E olhando para o bem estar do paciente, a medicina à distância garante diagnósticos precoces, orientações e encaminhamento correto”, afirma Vitor Moura, CEO da startup de saúde VidaClass.
Eventos híbridos: o mundo ao alcance das mãos
Os eventos híbridos – que combinam experiências presenciais e virtuais – serão uma parte essencial na indústria de eventos daqui em diante e serão responsáveis por uma verdadeira transformação na interação do público.
Logo no começo da pandemia, em questão de dias feiras, congressos e conferências planejadas com meses de antecedência foram repentinamente adiadas ou canceladas. Os eventos virtuais se tornaram parte da rotina e, rapidamente, o segmento teve que reaprender a ser eficaz nesse novo formato.
Mas não espere simplesmente uma transmissão ao vivo de uma webcam, pois é preciso manter os participantes engajados. Agora, do mesmo jeito que os organizadores têm uma equipe de produção para eventos presenciais, precisarão também de uma equipe de produção focada exclusivamente na experiência virtual.
“Eventos virtuais se tornaram a nova opção para empresas e marcas que buscaram manter seus clientes engajados. Agora que o mercado começa a retornar, é preciso se adaptar novamente, e os eventos híbridos permitirão aumentar o seu alcance com a transmissão para um público maior do que jamais seria possível pessoalmente”, explica Natasha de Caiado Castro, especialista em inteligência de mercado e CEO da Wish International.
Foto de abertura: Deposit Photos
