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Aos 75 anos, Gal Costa continua a todo vapor (emprestando o título do disco que a consagrou como estrela da MPB, no começo dos anos 1970). Acaba de chegar em CD e vinil Nenhuma Dor, coletânea de dez duetos da cantora com artistas das novas gerações, como Rodrigo Amarante, Seu Jorge, Rubel, Silva, Criolo e Jorge Drexler.
O álbum reúne os dez singles que Gal vem lançando nas plataformas digitais desde novembro de 2020. Ao longo da carreira, Gal foi sempre descobridora de novos artistas e compositores, mas a ideia dos duetos surgiu durante a pandemia, quando sentiu que, numa época de incertezas, um público mais jovem do que o habitual estava dando tratamento especialmente afetuoso aos artistas de sua geração, Caetano, Milton, Gil, Chico, Bethânia e ela mesma . “Isso me dá ainda mais vontade de trabalhar, de cantar para as pessoas. Você não acha que a música cura?”, perguntou ao diretor do projeto, Marcus Preto.
“Devido às limitações do distanciamento, um álbum de repertório inédito, que exigiria muitos dias de ensaio e gente aglomerada no estúdio, estava descartado. Teríamos, então, de criar algo que pudesse ser construído remotamente. Por que não partirmos para um projeto que amarrasse tanto a música da memória quanto as novas gerações?”, explica Marcus.
O projeto começou convidando artistas com quem Gal já trabalhava, no palco ou em discos, desde os álbuns Estratosférica (2015) e A Pele do Futuro (2018): Silva, Criolo, Tim Bernardes, Zeca Veloso e Rubel. Depois, foram chamados nomes que a baiana admirava de longe: Jorge Drexler, António Zambujo, Seu Jorge, Rodrigo Amarante e Zé Ibarra.
Ouça no YouTube as músicas de Nenhuma Dor.
Cada artista fez parte da produção da própria faixa. Muitos tocaram instrumentos de base, que depois ganharam arranjos de cordas de Felipe Pacheco Ventura, outro jovem músico que Gal conheceu na elaboração de A Pele do Futuro. Ventura também produziu faixas inteiras, como a do Criolo e a de Zambujo, estruturada somente sobre as cordas. Alguns artistas, como Amarante e Tim, fizeram quase tudo sozinhos.
“Este álbum nasceu, portanto, como projeto de quarentena. Nunca teve pretensão de soar como um ‘disco de carreira’, como se dizia. Não quer modificar o que se pensa sobre essa ou aquela canção clássica, nem pretende definir próximos passos artísticos de Gal. Nem ganhar prêmios de melhores do ano. Quer apenas ecoar, mais alto e mais longe, essa voz da memória do afeto que nos dá o colo inabalável e a força para seguirmos firmes na estrada. Sem nenhuma dor, se possível”, conclui o produtor Marcus Preto.
Com capa assinada pelo artista plástico Omar Salomão, Nenhuma Dor está disponível em CD pela Biscoito Fino, e em vinil, pela Noize Record Club.
Quer mergulhar na trajetória de Gal Costa? Comece assistindo abaixo a um momento do show que a consagrou como estrela internacional, Gal Tropical, nos anos 1980.