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O espumante produzido nas vinícolas espanholas é tão bom quanto o francês. Só nome é diferente, por questões legais.
Sabia que o champanhe espanhol é um dos melhores champanhes do mundo mas não é champanhe porque não pode usar o nome champanhe? Que doideira! Mas a explicação é simples.
Cava é a denominação de origem do vinho espumante produzido há dois séculos em diversas regiões do Espanha, antes chamado de champán (em espanhol) ou xampany (em catalão). Até que nos anos 1970 os fabricantes da França conseguiram proibir o uso do nome em qualquer bebida que não fosse originária da região de Champagne. O nome cava, que significa “caverna” ou “adega”, foi adotado depois da briga com os franceses.
Essa disputa legal da França pelo nome é na verdade uma luta ingrata, porque champanhe virou um nome genérico para o espumante feito em qualquer lugar do mundo (até no Brasil). Da mesma forma que gilete para lâmina de barbear, cotonete para haste de algodão, super bonder para cola instantânea, tupperware para pote plástico. Difícil mudar esse conceito.
O champanhe chegou à região espanhola da Catalunha (vizinha ao sul da França) durante a ocupação pelo exército de Napoleão, na década de 1820. A produção da bebida prosperou no Penedès, ao sul de Barcelona, que se tornou o reduto mais importante do cava. Ali fica a Freixenet, uma das maiores produtoras mundiais, ao lado da grande concorrente, a Codorniu.
Como acontece com o champanhe francês, só o espumante espanhol produzido pelo método tradicional chamado champenoise pode ser chamado de cava; caso contrário é apenas “vinho espumante” ou “frisante”. No método, o vinho base é engarrafado com leveduras e açúcar para que a segunda fermentação, que dá origem ao gás, ocorra dentro da própria garrafa. Em seguida, dá-se início ao processo de remuage, em que as garrafas são viradas um pouco de cada vez, durante algumas semanas, até ficarem de cabeça para baixo e os resíduos de leveduras alcancem o gargalo, de onde são removidos.
Cada cava é diferenciado pelo tipo de uva, quantidade de açúcar e tempo de engarrafamento. Existem seis tipos de uvas utilizadas na elaboração da bebida: Macabeo, Xarel·lo, Parellada, Chardonnay, Pinot Noir e Trepat. A diferenciação entre elas está na altitude em que são cultivadas, escala de maturação, acidez, equilíbrio e graduação alcoólica.
A Freixenet começou sua produção em 1911 e três anos depois lançou a primeira garrafa com o nome de Freixenet, emprestado de La Freixeneda, área de cultivo na região do Penedès. Hoje produz 100 milhões de garrafas por ano. No Brasil estão disponíveis os rótulos Cordón Negro, Carta Nevada e Cordón Rosado (linha Classic), Vintage Brut Nature (sem açúcar), a linha Ice (para degustar com gelo) e a coleção Premium, Elyssia Gran Cuvée, Elyssia Pinot Noir e a Reserva Real, à altura dos melhores champanhes do mundo.
Cava, como todo champanhe, é a bebida das comemorações e dos brindes, por excelência. Suas variações vão de brut nature (até 3 gramas de açúcar por litro) até doce (superior a 60 gramas). No geral, os cavas harmonizam bem com carnes, canapés, entradas frias e frutos do mar. Rótulos de classificação brut são ótimos para acompanhar carnes, massas e risotos, os semi-secos e doces são ótimas pedidas para sobremesas, enquanto extra brut e nature se aliam aos queijos e grelhados.
No site da Freixenet há várias receitas de drinques à base de cava (clique aqui). Entre elas, uma versão bem brasileira do clássico Mimosa, com adição de cachaça.
Mimosa Brasil
- 25 ml de cachaça
- 75 ml de suco de laranja
- 100 ml de cava
Misture as bebidas e sirva numa taça tipo coupe com cubos de gelo.
Em Barcelona, a Freixenet tem um espaço chamado Tannic, um belíssimo bar onde se pode conhecer e provar os vinhos, cavas e champanhes que a marca elabora no mundo inteiro: @tannicfreixenet.