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Seria impossível listar todos os artistas que contribuiram para a evolução da música eletrônica até hoje. Veja álbuns que foram marcos em sua época e continuam até hoje verdadeiros clássicos modernos.
A música eletrônica não nasceu ontem. Ao contrário, é uma respeitável senhora de mais de 50 anos. Não existiria hoje a dance music em todas suas vertentes — techno, trance, drum & bass, dubstep, big beat, breakbeat, balearic e as mil variações de house (deep, tech, funky etc) — se lá atrás, nos anos 1970 e 80, artistas visionários não tivessem introduzido instrumentos eletrônicos no rock e na música pop. A banda alemã Kraftwerk e o produtor italiano Giorgio Moroder deram os primeiros passos para introduzir o som das máquinas (principalmente sintetizadores) em todos os tipos de gêneros musicais.
O Kraftwerk plantou a semente do som robótico em seu primeiro disco, em 1970, e ganhou fama mundial que permanece intacta até hoje. Giorgio Moroder, por sua vez, em 1977 (ainda na era da discoteca) colocou a voz da diva Donna Summer sobre um fundo instrumental criado basicamente por sintetizadores Moog. E como se diz por aí, o resto é história.
Seria impossível listar todos os artistas que deram sua contribuição ao desenvolvimento da música eletrônica até os dias de hoje, como Pink Floyd, Pet Shop Boys, Depeche Mode, Erasure, Technotronic e muitos outros. Na lista abaixo, porém, estão álbuns que, por diversas razões, foram marcos em sua época. E continuam até hoje sendo verdadeiros clássicos modernos.
Kraftwerk, The Man Machine (1978)
A banda alemã fundada nos anos 1970 é considerada precursora de toda a dance music das décadas posteriores. Além do som minimalista, à base de sintetizadores e vocais robóticos e distorcidos, as letras das canções do Kraftwerk (usina de força, em alemão) evocavam um mundo futurista dominado pelos computadores e por “homens-máquinas”. Na lista dos discos eletrônicos mais influentes de todos os tempos deve estar não apenas The Man Machine, mas todos os outros álbuns do Kraftwerk, como Autobahn. Radio-Activity, Trans-Europe Express, Computer World, Electric Café e Tour de France.
Donna Summer, I Feel Love (1977)
I Feel Love é considerado um dos discos mais influentes de todos os tempos, por estabelecer as fundações da música eletrônica. Originalmente lançada como lado B de um single, fez tanto sucesso que o disco foi relançado dois meses depois com os lados trocados. Os produtores Giorgio Moroder e Peter Bellotte quiseram criar uma atmosfera futurística, usando sintetizadores Moog em vez de instrumentos. Além dos vocais de Donna Summer, a bateria era o único instrumento da canção não “tocado” por uma máquina. A base de I Feel Love é usada ainda hoje em uma infinidade de músicas dance modernas.
New Order, Power, Corruption & Lies (1988)
A banda de Manchester, na Inglaterra, nasceu da formação original do Joy Division, outro grupo fundamental da história da música pop. Misturando rock, pop, pós-punk e experimentação eletrônica, o New Order estourou com Blue Monday,que na verdade foi lançada como single e só mais tarde incluída neste segundo disco. Os próprios integrantes do New order admitem terem sido amplamente incluenciados pelo Kraftwerk (veja acima) em diversas faixas de Power, Corruption and Lies. O disco aqui simboliza a presença do New Order como um dos pilares iniciais da música eletrônica, importância confirmada em seus álbuns posteriores, Low Life, Brotherhood, Technique e Republic
Frankie Knuckles, Beyond The Mix (1991)
Conhecido como “O Poderoso Chefão da House Music”, o DJ americano, produtor e remixador Francis Warren Nicholls, Jr. (1955-2014) foi um dos criadores da house music. Nascido no Bronx, em Nova York, Knuckles mudou-se para Chicago para atuar como DJ na casa noturna Warehouse, considerada o berço do gênero musical que se consagrou pela mistura de batidas eletrônicas com o soul e o hip hop, embaladas pelos vocais de divas negras. Este seu primeiro disco já apontava um novo caminho para a música em faixas como Sacrifice, The Whistle Song, Party In My House e outras. Famoso por seus Def Classic Mixes (ao lado de outro monstro da house, David Morales), Knuckles influenciou gerações de artistas da cena eletrônica.
Underworld, Born Slippy (1995)
Born Slippy só foi lançado como single e, mesmo assim, colocou sob os holofotes o grupo britânico Underworld. O sucesso foi impulsionado por sua inclusão na trilha sonora do filme Trainspotting, do diretor Danny Boyle, que mostrou para o mundo o som da banda, uma bem sucedida mistura de elementos de techno, house, drum and bass e experimentalismo. Born Slippy aparece em versão instrumental e com vocais na versão Nuxx. Só foi incluída em álbum em 2015 no relançamento de Second Toughest in the Infants.
Club 69, Adults Only (1995)
Um dos pioneiros da tribal house, que se tornou o som oficial dos clubes gays de todo o mundo, o DJ e produtor austríaco Peter Rauhofer (1965-2013). Sob o pseudônimo de Club 69, The Collaboration e Size Queen, espalhou pelas pistas de dança internacionais a música do circuito gay nova-iorquino do final dos anos 1990. Este primeiro disco do Club 69 exibe alto teor erótico e emplacou hits como Diva, Let Me Be Your Underwear e Unique. Rauhofer fundou o selo Star 69 e, além de criar seus próprios hits, assinou remixes para a nata da música pop, incluindo Madonna, Cher, Whitney Houston, Britney Spears, Christina Aguilera, Pink, Pet Shop Boys, Depeche Mode e Mariah Carey, entre inúmeros outros artistas. Faleceu prematuramente, vitimado por um tumor cerebral, aos 48 anos.
Chemical Brothers, Dig Your Own Hole (1997)
Este segundo disco colocou a dupla de Manchester, na Inglaterra, na lista dos maiores artistas da música eletrônica de todos os tempos. Tom Rowlands e Ed Simons são considerados precursores do estilo chamado big beat, ao lado de The Prodigy, Fatboy Slim e The Crystal Method. Eles começaram a carreira como DJs em clubes de sua cidade natal e, com o nome de Chemical Brothers, e já alcançaram grande sucesso em seu primeiro álbum, Exit Planet Dust. Mas foi com o trabalho seguinte que explodiram no mundo todo, tornando Block Rockin Beats em hino das pistas de todo o mundo.
The Prodigy, The Fat of The Land (1997)
Contemporânea de outros artistas do gênero big beat, como Chemical Brothers e Fatboy Slim, a banda foi uma das maiores expoentes da música eletrônica não apenas dos anos 1990 como de todos os tempos. Nascida na cena underground das raves britânicas, alcançou estrelato mundial com esse terceiro álbum, onde explodiram os singles Breathe (que entrou na trilha sonora do filme Matrix) e Smack My Bitch Up, que viraram hinos das pistas de dança internacionais. Ao longo da carreira, o The Prodigy arrematou diversos prêmios MTV Music Awards, Brit Awards e foi duas vezes nominada para o Grammy.
Daft Punk, Discovery (1997)
Neste seu segundo álbum, a dupla francesa de tech house consolidou o fulminante sucesso mundial alcançado pelo trabalho anterior, Homework. One More Time ficou para a posteridade como uma das canções mais influentes da música eletrônica de todos os tempos. O enorme apelo popular do Daft Punk deve-se principalmente à bem-sucedida adição de influências da disco music e das baladas românticas dos anos 1970 e 80 às canções tipicamente house. O duo também ficou famoso por usar capacetes nas apresentações ao vivo. Em 2013, emplacou outro sucesso mundial, Get Lucky, parceria com Pharrell Williams produzida pelo mestre da disco, Nile Rodgers. Até hoje samples das músicas do daft Punk são usados em produções de inúmeros artistas pop.
Madonna, Ray of Light (1998)
A mais pop de todas as estrelas pops não apenas se reinventou várias vezes ao longo de sua carreira, como também sempre desbravou novos caminhos musicais. Sétimo álbum de estúdio da cantora, Ray of Light é considerado um marco em que Madonna foi pioneira ao conduzir a música eletrônica ao cenário pop. Produzido por William Orbit, veterano das raves britânicas, o álbum emplacou vários singles de sucesso: a faixa título, Frozen, Drowned World, Nothing Really Matters, Sky Fits Heaven, Skin e The Power of Goodbye, que, por sua vez, renderam infindáveis remixes nas mãos de produtores como Peter Rauhofer, Sasha, Victor Calderone, BT e muitos outros.
Moby, Play (1999)
O quinto álbum do americano Moby foi um sucesso inesperado em sua carreira e tornou o produtor uma sensação pop. O disco foi um fenômeno mundial, com vendas explosivas e aclamação da crítica, e rendeu vários singles que chegaram ao topo das paradas, lançados ao longo de um ano inteiro, como Honey, Find My Baby, Porcelain e outros. A explicação para o sucesso foi a mistura perfeita de techno, house e rock com influências de música folk e gospel. O disco rendeu muita grana também pelo licenciamento de faixas para trilhas sonoras de filmes, séries de TV e comerciais. Moby também assinou remixes para diversos artistas, como David Bowie, Metallica, Beastie Boys e até Britney Spears.